"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de julho de 2017

DELFIM NETO, TRADUZIDO, DENUNCIA QUE O CAPITALISMO BRASILEIRO ESTÁ SEM CONTROLE

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Charge do Solda (cartunistasolda.com.br)
Numa entrevista de página inteira às repórteres Ana Estela de Souza Pinto e Érica Fraga, Folha de São Paulo desta segunda-feira, o ex-ministro Delfim Netto afirmou que o Brasil deixou o poder econômico controlar a política, acrescentando que o domínio do Congresso pelo setor privado anulou a força que poderia controlar o capitalismo do país.  Sua entrevista merece ser traduzida.
Enganam-se os que pensam que o processo de tradução restringe-se à passagem de um idioma para outro. Nada disso. Quantas vezes ouvimos pessoas dizerem uma coisa, mas que no fundo significa outra. Este caráter perceptivo da vida humana sem dúvida representa uma tradução. A tradução encontra-se também nas expressões faciais, nos olhares, até nas sílabas. Quanta coisa é interpretada dessa forma? Dessa maneira, interpretar pode ser sinônimo de traduzir. De uma língua para outra, o tradutor tem que encontrar a palavra que corresponda ao peso certo da expressão original.
PESO DA CORRUPÇÃO – No caso da entrevista à Folha de São Paulo, Delfim Netto, no fundo, referiu-se ao peso da corrupção que imobilizou a capacidade positiva e construtiva do sistema político. Tanto assim que, no diálogo com Ana Estela e ´Erica Fraga, sustentou que a principal revelação da Lava-Jato está no fato de o setor privado ter conseguido anular a única força que controla o capitalismo, que é o Congresso Nacional.
Reforçando a minha convicção de que é necessário traduzir corretamente suas palavras, vejamos o que aparece na frase seguinte da entrevista. Delfim diz que as denúncias do empresário Joesley Batista contra o presidente Michel Temer “tem proporções catastróficas e tornaram impossível prever quando o Brasil sairá da crise em que se encontra”.
Na opinião de Delfim, entretanto, Temer é a solução menos pior para o momento. “Não acredito”, disse, “que uma eleição indireta produza um equilíbrio maior do que o atual, incluindo todos os problemas que o poder hoje é capaz de produzir”.
Delfim Neto, hoje também colunista semanal da Folha, foi ministro da Fazenda do governo Costa e Silva, da Agricultura no governo Médici e do Planejamento no governo João Figueiredo. No governo Ernesto Geisel foi embaixador em Paris. Trata-se de profundo conhecedor dos sistemas militares de poder que se alongaram por mais de 20 anos no Brasil.
Delfim Neto conhece as estradas da economia e aquelas que transportam os interesses do Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. Fica, portanto, assinalada sua visão do Planalto e da planície.
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ADVOGADO DISCORDA DE TEMER
Por falar em visão, sem dúvida interessante a entrevista do advogado do presidente Temer, Antonio Cláudio Mariz de Olivera, a Fausto Macedo e Eduardo Kattah, O Estado de São Paulo, edição de domingo. O advogado contesta a estratégia política de quem o contratou, tanto assim que condena a pressa pretendida pelo Planalto em matéria de apreciação da denúncia do procurador Rodrigo Janot pela Câmara dos Deputados.
A pressa – assinalou – não pode ser em detrimento do conteúdo da defesa. Eu disse isso ao presidente. A visão do Planalto é uma e a minha visão é outra.
Até o advogado discorda do impulso inicial de Michel Temer. Coisas da vida.

04 de julho de 2017
Pedro do Coutto

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