"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

EM DEFESA SURREALISTA, MICHEL TEMER TENTA ESCAPAR DO FANTASMA ROCHA LOURES


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Charge do Lezio (Diário da Região)
O presidente Michel Temer recorreu ao surrealismo, que na arte consagrou figuras como Luís Buñuel e Salvador Dali, para apresentar sua defesa em relação ao documento enviado pelo Procurador Geral Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal. Michel Temer absurdamente classificou a denúncia do Procurador Geral como uma obra de ficção. Pautando-se na ficção, Temer em sua teia tentou escapar do fantasma chamado Rodrigo Rocha Loures. Não teve nem poderia ter êxito.
As manchetes principais de O Globo, da Folha de São Paulo e de O Estado de São Paulo desta quarta-feira contém a forte reação contrária as expressões adotadas pelo chefe do Executivo. No Globo a reportagem foi de Letícia Fernandes e Eduardo Barreto. Na FSP de Gustavo Uribe e Marina Dias. No Estadão, a matéria leva a assinatura de Carla Araujo e Tânia Monteiro.
TEMER SÓ ACUSA – O presidente da República, na verdade não rebateu as acusações, tampouco, exigiu a apresentação de provas, como lhe cabia fazer. Não tocou no tema provas, claramente, porque elas existem de forma volumosa e irrefutável. Tanto assim que Michel Temer, analisando-se bem o conteúdo de seu pronunciamento não refutou a sustentação de Rodrigo Janot. Não. Acusou Janot de favorecimento voltado para o ex-procurador Marcelo Miller que trocou o Ministério Público pela tarefa de advogado que atuou em causa particular.
Marcelo Miller é um episódio à parte do emaranhado que conduziu Joesley Batista ao Palácio Jaburu e teve sequência na entrega de mala repleta de dinheiro por Ricardo Saud, executivo da JBF, a Rodrigo Rocha Loures, na sequência cinematográfica registrada pela Polícia Federal. Rocha Loures transformou-se numa espécie de fantasma que atormenta o pensamento e o comportamento concreto de Michel Temer. Tanto assim que o presidente da República sequer cita Rocha Loures, o que poderia acontecer na medida em que dissesse que Loures não agiu em seu nome na noite paulista.
NO LABIRINTO – O silêncio de Michel Temer reflete bem o labirinto pelo qual está caminhando. De forma não convincente, porque apontar um ato negativo de Rodrigo Janot não significa – nem poderia significar – que o comportamento do presidente da República tenha sido baseado na liturgia do cargo e nos princípios da ética e da legalidade. Uma coisa nada tem a ver com outra.
Michel Temer, para se absolver terá de enfrentar a realidade dos fatos e justificar-se a si mesmo. Como na obra conjunta de Buñuel e Dali, no filme L’age D’or, no qual os personagens principais não conseguem encontrar-se a si mesmos.
O tempo e os fatos correm contra o surrealismo presidencial. As acusações colocadas contra ele não são produto de uma obra de ficção. Pelo contrário. São a expressão dos acontecimentos marcados pelas imagens e pelas gravações. Michel Temer não conseguirá destruí-las. Elas fazem parte de seu processo político e sua passagem pelo poder.

30 de junho de 2017
Pedro do Coutto

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