"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de junho de 2017

DEONÍSIO DA SILA LARANJA A PREÇO DE BANANA E BAGRE ENSABOADO


Os brasileiros de bem, que estavam com os corruptos atravessados na garganta, cansaram de comer a gororoba que lhes vinha sendo servida
O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, deixa a sede da Polícia Federal em Brasília após depoimento com a cabeça raspada - 09/06/2017 (André Coelho/Agência o Globo) (Reprodução/Reprodução) 

O Ministério Público e a Polícia Federal vêm dando à luz grandes laranjas-de-umbigo, agora vendidas a preço de bananas-da-terra.

As forças da lei continuam em trabalho de parto e logo veremos o bendito fruto de seu trabalho. Logo serão revelados outros caroços que estavam debaixo deste angu.

Os laranjas que faziam o serviço sujo de bagres ensaboados estão apreensivos com o cerco da polícia. E agora vão pôr as coisas em nome de quem? Ninguém mais acredita nos contos do vigário, e os padres coadjutores e até certos párocos já estão vendo o sol nascer quadrado, uma vez que tem sido impossível tapar o sol com a peneira.

Quem não faz ouvidos de mercador e nem tem olhos de cabra morta percebe que hoje o Brasil já é outro, bem diferente daquele da impunidade habitual. Os inconformados podem ficar com cara de quem comeu e não gostou, mas vão ter que engolir a nova realidade.

Os brasileiros de bem, que estavam com os corruptos atravessados na garganta, cansaram de comer a gororoba que lhes vinha sendo servida.

Ninguém mais os emprenhará pelos ouvidos nos comícios, prometendo mundos e fundos, para depois esquecer tudo como se tivesse comido queijo em excesso.

Não se pode mais enganar os trouxas o tempo todo. Antes as promessas entravam por um ouvido e saíam pelo outro, mas agora não mais.

Terá vindo para o Brasil, personificado em trajes civis, o agente laranja, antes restrito a uso militar na Guerra do Vietnã? Neste caso, seu olhar de vaca atolada indica a encrenca em que se meteu.

O professor e escritor Cláudio Moreno, referência no estudo do léxico do Português, foi chamado a designar com precisão o laranja, pois que a palavra de repente trocou de gênero, e também o bagrinho, que já se demora demais em terra, mas rendeu-se, como este que assina esta coluna, aos mistérios da criatividade luso-brasileira. Descobrir o caso zero da expressão “laranja” está mais difícil do que identificar os cúmplices das transferências biliardárias para contas suíças, com o agravante de que no Português não se pode contar com delações premiadas.

De onde veio este laranja, que já não busca nem revela a outra metade, a laranja do casal? Do Vietnã, em vez da Pérsia e da Índia, de onde foi trazida a laranja que os dicionários designam? É pouco provável.

Apesar de tratar-se de pecado original, pois desde as capitanias hereditárias há propriedades e posses em nome de outrem, quem comeu a laranja não foram Adão e Eva, apesar de também neste caso a Serpente ter feito a intermediação.

Nossos primeiros pais comeram uva, figo, maçã e até banana, como queria o herege brasileiro Pedro de Rates Henequim, levado à fogueira por ter ensinado que o Paraíso estava localizado no Brasil, o fruto proibido tinha sido a banana e no Céu se falava Português! Mas laranja, não!

Enquanto isso, encurtam-se os prazos que vão revelar, não apenas os laranjas, mas os bagres ensaboados que eles encobriram por tanto tempo.


Confira aqui outros textos de Deonísio da Silva

11 de junho de 2017
Augusto Nunes
VEJA

Nenhum comentário:

Postar um comentário