"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de julho de 2016

MENSAGEM



"AS MÁS COMPANHIAS SÃO COMO O MERCADO DE PEIXE: ACABAMOS POR NOS ACOSTUMAR AO MAU CHEIRO".



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10 DE JULHO DE 2016

ESTOURO DA BOIADA

A Câmara dos Deputados chegou à redemocratização com o inatacável Ulysses Guimarães na presidência, mas acendeu o sinal amarelo com a eleição do indescritível Severino Cavalcanti e o sinal vermelho com o duplamente réu Eduardo Cunha e, agora, não apenas convive com o inacreditável Waldir Maranhão como está entre duas opções: ou um estouro da boiada e mais um presidente problema, ou uma união das forças políticas em torno de um nome palatável pela opinião pública.

Os maiores partidos, PMDB, PSDB e PT, simplesmente não apresentaram candidatos, para não piorar a implosão da Câmara e para esperar 2017. Mas, além deles, nenhum outro partido fechou firmemente em torno de um nome que preencha requisitos básicos, como o respeito da grande maioria e uma ficha razoavelmente limpa. Está difícil!

Eleições para as presidências da Câmara e do Senado deveriam ser como quaisquer outras, quando sempre despontam nomes naturais, com liderança, legitimidade e ampla simpatia entre seus pares, como o de Ulysses, que era inquestionável. Mas os Ulysses andam em falta, e Severino Cavalcanti, de triste memória, acabou chegando lá exatamente por eliminação: não havia soluções naturais, nem consenso em torno nomes. “Se não tem tu, vai de tu mesmo.” Depois, aguenta.

Hoje, a situação é ainda mais complexa: a sucessão de Eduardo Cunha gira em torno do próprio Eduardo Cunha. Com uma multidão de candidatos avulsos no primeiro turno, o segundo será entre o candidato dele e aquele que galvanizar o anti-Cunha, criando um interessante movimento: Planalto e líderes anti-impeachment, PT e PSDB, todos teriam de tapar o nariz e se unir em torno de um mesmo candidato contra o “inimigo comum”. Até ontem, o nome mais forte era Rodrigo Maia (DEM), mas isso sempre pode mudar.

Assim, a maior força do deputado Rogério Rosso (PSD-DF) é Cunha (no primeiro turno) e a maior fraqueza de Rosso também é Cunha (no segundo). Os demais não são candidatos ainda a presidente, mas candidatos a antídoto contra Cunha e Rosso, sem que nenhum deles consiga convencer nem ter apoio consensual nos seus próprios partidos. O PSB, o PP, o DEM, todos têm mais de um postulante, o que pode chegar a uma lista de 14 nomes. Quando há tantos, é porque não há nenhum. Logo, o estouro da boiada é no deserto.

O Planalto emite sinais contraditórios. Michel Temer se encontra com Cunha no escurinho do Jaburu num domingo à noite, mas nega. É suspeito de tramar um acordão com Cunha para adiar sua cassação e garantir-lhe ingerência na escolha do sucessor, mas nega. Jura que o Executivo não vai se meter numa decisão da Câmara, mas sua entourage não faz outra coisa, claro. Um adversário na presidência da Câmara?!

Enquanto isso, o Centrão bate cabeça, a base aliada ao Planalto está pulverizada em várias candidaturas e a “nova oposição” (PT e seus seguidores), que andava muito silenciosa, monta uma armadilha para Temer. Ou todos fecham com Rodrigo Maia, ou vem aí o ex-ministro da Saúde do final de Dilma, Marcelo de Castro, como forma de encurralar o presidente interino. Ou apoiar Castro, que votou contra o impeachment, mas é do PMDB, ou optar pelo Rosso ou um candidato qualquer de Cunha, confirmando a tese indigesta de um “acordão” entre Temer e Cunha.

Tudo está confuso, incerto e expondo as entranhas da Câmara: partidos rachados; um presidente que jamais deveria chegar aonde chegou e corre o risco de sair dali direto para a prisão; um substituto não só incapaz em vários sentidos como capaz de tentar um golpe para anular o impeachment aprovado em plenário; a inexistência de dois ou três líderes que emergissem como soluções naturais; logo, uma preocupante rejeição da opinião pública.

E a Lava Jato nem começou ainda a julgar, condenar e prender os políticos. Imaginem quando começar...



10 de julho de 2016
Eliane Cantanhede, Estadão

SALVE A LAVA JATO

E se a pressão da sociedade voltar-se agora contra Renan? Afinal, ele e Cunha têm folhas corridas que competem em termos de processos

Se, como é de supor, a renúncia de Eduardo Cunha à presidência da Câmara não passa de mais uma manobra para retardar a perda do mandato, que parece inevitável, quem não deve estar muito tranquilo com esse desfecho é Renan Calheiros. E se a pressão da sociedade voltar-se agora contra ele? Afinal, ele e seu colega de partido têm folhas corridas que competem em termos de processos. O presidente do Senado responde a uns 11 inquéritos no STF por corrupção, lavagem e desvio de dinheiro, falsidade ideológica. Daí talvez a pressa de aprovar logo o projeto de Abuso de Autoridade, que prevê a punição de investigadores, promotores, juízes, desembargadores e até ministros de tribunais superiores. “Esse projeto não pode sequer tramitar”, adverte o senador Cristovam Buarque, “porque passa a impressão de que o Senado quer barrar a Lava-Jato”.

Renan diz que não, que não se trata de medida para “embaçar, inibir ou constranger investigações da operação”. Tomara, mas ele vai ter que convencer a opinião pública de que vale o que diz agora, e não o que afirmou no mês passado — que os procuradores da Lava-Jato perderam o “limite do bom senso e do ridículo” — ou então quando, sem saber que a conversa estava sendo gravada, aceitou discutir com o delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, um “pacto para passar uma borracha no Brasil e ir em frente”. A primeira providência desse acordo para zerar o passado seria impedir “delação premiada de preso”. Ele devia ter seus motivos porque, nessa mesma gravação, Machado lembrou a possibilidade de isso ocorrer com as revelações de Delcídio Amaral, e ele reagiu: “Deus me livre. Delcídio é o mais perigoso do mundo”.

O difícil nessa história toda é que, assim como ninguém admite ser a favor do mal e contra o bem, os interessados em pôr fim à Lava-Jato ou em que ela, pelo menos, arrefeça o ânimo investigativo, não gostam de confessar. Em geral, fala-se da sua importância e, em seguida, acrescenta-se um “mas”, que introduz a necessidade de correção de rumo para aparar “excessos” e “deslizes”. Fingem esquecer que o juiz Sérgio Moro teve a maioria de suas decisões mantidas pelas Cortes superiores. De acordo com um levantamento recente do jornal “O Estado de S.Paulo”, o índice de revisão era de menos de 4% de um total de 413 recursos apresentados pelas defesas do acusados. Ou seja, apenas 16 reclamações foram aceitas total ou parcialmente e 313 (76%) negadas.

Se os erros de qualquer de nossas instituições se limitassem a 4%, o país estaria melhor.



10 de julho de 2016
Zuenir Ventura, O Globo

AFINAL, QUE SE SALVA?


Somos o país do presente excêntrico, em que o absurdo coabita com a normalidade

A política surgiu como disputa de ideias em torno da melhor forma de poder. Pela História afora, porém, governar foi sempre uma guerra pelo poder, com o crime no papel principal. Ou como ingrediente único - Shakespeare já nos mostrou o que se escondia sob os lençóis de reis e rainhas. Na era moderna, a democracia representativa surgiu para que o debate e o diálogo político substituíssem o crime.

Mas o crime tem imensa capacidade de modificar a aparência e - tal qual molusco - se readaptar a qualquer habitat sem deixar de ser o que é. Assim, estamos nós a ver o crime passar como se fosse "a banda" do Chico Buarque. E, com variantes e variações, desde Pedro Álvares Cabral...

Na pobreza atual da política, tudo é fácil. A truculência policial talvez seja o crime maior, pois gera a visão de vingança "contra o Estado", que devia proteger os cidadãos. Mas há um crime mais profundo, disfarçado e quase imperceptível: a recusa dos políticos em debater e dialogar. Ou em pesquisar junto à sociedade inteira.

Em vez de soluções, a politicalha busca votos e se exibe num faz de conta, repetindo lugares-comuns. Os políticos atuam como depositários da verdade. São mansos na fala e, na mansidão, alguns até ocultam a mão que busca a carteira e a bolsa alheias.

Outros são hábeis e o que são nem transparece ou se esconde como o metrô subterrâneo. Há ainda os inábeis e antipáticos donos da verdade, como o PT, que criou o rastro de desconfiança responsável pelo apoio popular ao impeachment de Dilma.

Daí surge a visão de que tudo agora "vai mudar" e "a corrupção terá fim".
Se Dilma sair em definitivo, o governo de "salvação nacional" de Temer nos levará à porta do paraíso!

Mas talvez seja difícil entrar no éden: o novo Ministério está cheio daqueles velhos diabos do PMDB e dos partidos da base alugada que foram ministros de Lula da Silva ou de Dilma. Alguns (como o chefe da Casa Civil e "homem forte" do governo Temer), processados em juízo; outros, citados nas propinas da Lava Jato, da qual o próprio presidente interino se saiu airoso: explicou que os R$ 5 milhões recebidos de empreiteiras da Petrobrás foram doações eleitorais...

A cada dia, um novo escândalo faz esquecer o anterior. Já ninguém se recorda das conversas gravadas entre figurões do PMDB com as tramoias para "parar a sangria" da Lava Jato e impedir que "pegue todo mundo", até Aécio Neves e o PSDB. Ao esquecer, não vemos que o exercício da política virou conspiração com centenas de cúmplices - de grandes empresá- rios a ministros, parlamentares e simples vereadores.

Um protege o outro, os adversários se unem e se solidarizam para apagar os rastros do crime. Tantos são os cúmplices que é difícil identificar o chefão.

O ato de governar pode não ter aparência de crime, mas há muito, entre nós, é um consórcio de interesses difusos para outros usos. As "machadadas" do ex-presidente da Transpetro escancararam o assalto na área federal, mas na estadual (e municipal) é igual - muda quase só o CPF dos beneficiários.

Nos governos Lula e Dilma o PT, o PMDB e a base alugada repartiam o que caía na rede e, em casos extremos, simulavam administrar alguma coisa. Com Temer, idem ibidem. Tudo igualzinho, ainda que Henrique Meirelles tente dar outra impressão num governo com gente envolvida na Lava Jato e do qual Eduardo Cunha é um dos oráculos.

Agora o PT está de fora, mas não nos preocupemos. Com o velho estilo, lá continuam o PP e os alugados de sempre, além de gente do PSDB e do DEM que posava de donzela. O comunista PCdoB pede dinheiro a capitalistas e o "socialismo" do PSB monta empresa fantasma que movimenta R$ 600 milhões.

E todos sob a regência do PMDB, como revelou Sérgio Machado, com a autoridade de ex-senador do PSDB, candidato ao governo do Ceará pelo PMDB e, por indicação dos chefões deste partido, levado por Lula (e Dilma) à direção da bilionária Transpetro. Dos alugáveis, só o PDT não aparece: será que lhe bastaram as falcatruas de R$ 500 milhões no Ministério do Trabalho, sob investigação da Polícia Federal?

Em tempos de bonança todos se deleitam, imunes a protestos, panelaços ou buzinaços, e até seus palhaços parecem de aço. A penúria faz o PT arcar com a culpa sozinho, como se fosse o único consorciado, dono absoluto daquilo que o PMDB maneja tão habilmente, há anos, que está presente apenas nos momentos sem penas. O PP, "partido paulo-malufista", com a tradição engenhosa de seu guia, fez Paulo Roberto Costa levar à Petrobrás a alta tecnologia do assalto.

Isso tudo mostra que Brasil não é só "o país do futuro", como disse Stefan Zweig, repetindo Clemenceau. Somos também o país do presente excêntrico, em que o absurdo surge aos borbotões e coabita com a normalidade. A convivência às vezes é tão próxima e tão íntima que parece, até, tratar-se de inseparáveis irmãos siameses.

Os parâmetros e pontos de referência somem como se nunca tivessem existido. Nossos modelos de vida desapareceram da política, escasseiam no empresariado, são desprezados na ciência, nas artes e nas universidades. As novas igrejas (interessadas no materialismo dos cifrões) já não são refúgio do espírito. Não há modelos sequer no futebol, em que já fomos exemplo para o mundo.

A população inteira anseia por modelos confiáveis, não como messias, mas como honesta referência a que apegar-se na trepidante (e trêmula) sociedade de consumo, que a cada dia nos impinge uma quinquilharia nova como algo eterno. Mas nos deparamos só com está- tuas de areia, que o vento destrói. Ou joias de falso ouro, que enferrujam com o suor.

Nenhuma análise ou interpretação, por mais profunda e sábia que seja, suplanta a descrição sumária dos absurdos de cada dia. Não repetirei o que jornais, TV e rádio contam sobre o conluio corrupto entre políticos e empresários oportunistas.

Os fatos falam por si e a avalanche de escândalos leva a indagar: quem se salva?


10 de julho de 2016
Flávio Tavares, O Estado de S. Paulo
JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA EM 2000 E 2005

AMARGO REGRESSO

A perspectiva de uma campanha eleitoral sem doações de empresas a serem registradas na contabilidade oficial instalou o pânico nos partidos. Ao contrário do que seria natural, não produziu neles solução alternativa.

O veto ao financiamento de pessoas jurídicas está em vigor há mais de um ano, por decisão do Supremo Tribunal Federal, corroborada por votação do Congresso. Votação esta pautada pelo constrangimento de ir contra a decisão do STF. Tempo suficiente para que suas excelências estivessem ao menos discutindo o que fazer: mobilizar eleitores, preparar campanhas de arrecadação, mostrarem-se dignos de financiamento espontâneo.

Nenhuma dessas ou outras providências criativas se observam nos partidos. O que se vê é apenas a expectativa de que mais à frente haja condições para mudar a regra de maneira a voltar à situação anterior.

Os sinais são sutis. Na semana passada alguns líderes partidários se reuniram com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para tratar de questões atinentes às investigações em curso. Janot queria apoio contra legislações restritivas à ação do Ministério Público. As excelências também. Para efeito oficial. No paralelo, porém, aproveitaram para sondar o procurador sobre a hipótese de revogar o veto às doações de pessoas jurídicas.

A consulta, obviamente, não prosperou. Mas fica a dica: passadas as eleições municipais de outubro próximo, haverá propostas para a retomada das doações de empresas. Sob o argumento de que o veto às empresas “não deu certo”. A suas excelências o que vale é o retorno ao que a antiga musa cantava e não a correção dos termos da canção.

Tanto faz. Por enquanto são três os candidatos à eleição da presidência da Câmara na próxima quinta-feira: Rogério Rosso (PSD), Rodrigo Maia (DEM) e Fernando Giacobo (PL). Oficialmente nenhum deles conta com o apoio do Palácio do Planalto, cujo sonho de consumo talvez fosse ter um correligionário do PMDB no posto.

Extra oficialmente, Rosso é tido como o “menos pior”. Giacobo, ligadíssimo ao notório Valdemar da Costa Neto, é visto como o “rei da chantagem” e Maia qualificado como gerador de atritos, dada sua dificuldade de transitar de forma amena entre os colegas. Neste cenário da falta de um candidato ideal, para o governo tanto faz quem cumprirá mandato tampão até fevereiro de 2017.

Nessa visão, entrar numa briga agora seria tarefa além de inglória, inutilmente arriscada. Estão frescas na memória as nefastas consequências de guerras perdidas por governos anteriores. Para Fernando Henrique, a eleição de Aécio Neves custou o rompimento da aliança com o então (hoje DEM) poderoso PFL. Ao PT, sucessivas imposições de candidatos produziram inimigos na Casa e, por último, rendeu a eleição do mais venenoso deles, Eduardo Cunha.

Diante da evidência de que não há solução ideal, o Planalto prefere guardar prudente distância de qualquer solução que venha a decorrer a disputa em plenário. Quanto à ideia de que o renunciado Cunha venha a influir na escolha do novo presidente, a resposta é a seguinte: não conseguiu preservar o próprio mandato, muito menos poderá assegurar o do próximo.

Sete chaves. Aprovado o impeachment de Dilma Rousseff, sobre o qual os atuais governistas não têm a menor dúvida, Planalto e adjacências sofrerão mudança radical. Transformação esta já desenhada, mas mantida sob o mais absoluto sigilo.



10 de julho de 2016
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo

ANÁLISE: PROJETOS SÃO TENTATIVA DE INSTITUIR CONTROLE IDEOLÓGICO REPRESSIVO

Os vários projetos e propostas de cunho religioso ou político-ideológico que vêm sendo apresentados no sentido de interferir nos rumos da educação pública de crianças e adolescentes violam a Constituição brasileira e nossa tradição de Estado laico e democrático. Já antes da Constituição de 1891, o novo Estado republicano promoveu a separação entre Estado e Igreja, rompendo com a tradição de uma Igreja Católica oficial, com bispos e padres funcionários públicos, e, portanto, com a tradição de uma religião do Estado.

Por extensão, a inovação republicana estabeleceu as bases da própria educação nacional e do projeto de nação que deveria orientar a formação das novas gerações de brasileiros. Uma educação aberta para a pluralidade de ideias e de convicções e até mesmo, como consequência, a liberdade de convicção religiosa e política das famílias quanto à formação dos filhos.

A família foi devidamente protegida como instituição de formação complementar dos imaturos, sobretudo considerando que a escola pública, entre nós, não é um internato de natureza conventual. No Brasil, as crianças e adolescentes não são sequestrados pelo Estado para confinamento na escola pública e, portanto, não há mutilação da educação de família.

As tentativas atuais de tornar obrigatório o ensino de doutrinas de fundo religioso, como a do criacionismo, ou as de tornarem a escola pública uma instituição tutelada pela família, ou mesmo as violações representadas pela transformação das salas de aula em escolas ideológicas e partidárias, representam uma ruptura de princípios e valores que foram convencionados na origem do nosso regime republicano e consagrados em mais de um século de tradição.

Essas iniciativas representam uma agressão ao bem comum e tentativa de grupos sociais restritos de instituírem mecanismos repressivos de controle ideológico ou religioso sobre a formação das novas gerações de todos os brasileiros. Tão ilegais são que os projetos deveriam ser barrados já na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O que está em jogo nessas propostas é a imposição de concepção totalitária de educação em conflito aberto com os princípios da democracia e da liberdade de consciência.



10 de julho de 2016
José de Souza Martins, Estadão
É SOCIÓLOGO E PROFESSOR EMÉRITO DA USP

TRÊS EPISÓDIOS QUE PRENUNCIAM ENCRENCAS SERÃO NOVOS TESTES PARA O SUPREMO



Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

















Aconteceram três episódios que prenunciam encrencas que serão testes para o Judiciário nacional. 
Em fevereiro, contra o voto de Celso de Mello e de três outros ministros, o Supremo Tribunal Federal decidiu que uma pessoa condenada na segunda instância deverá esperar o julgamento de um novo recurso na cadeia. 
Mello chamou a decisão de “inversão totalitária”. 

Na semana passada, numa inversão minoritária, o ministro mandou soltar um empresário que em 2009 matara o sócio. Condenado a 16 anos na primeira instância, ficou com 14 anos na segunda e foi preso. 
Mello soltou-o. Ele não julgou o caso, mas o direito de um assassino esperar em liberdade o julgamento de seu último recurso.
O Supremo deverá decidir se a decisão de fevereiro foi constitucional. Todos os grandes clientes e escritórios de advocacia que defendem a turma da Lava-Jato torcem para que ocorra uma inversão plutocrática. Como 7×4 pode virar uma outra coisa, não se sabe, mas pode-se sonhar com uma reversão do doloroso 7×1 do Mineirão.
BERNARDO E CAVENDISH 

Noutro episódio, o ministro Dias Toffoli mandou soltar o comissário Paulo Bernardo, que havia sido preso uma semana antes. 
Sua decisão foi cumprida pelo juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Tendo sido obrigado a libertar o comissário petista, o magistrado soltou outros seis acusados de morder as contas de créditos de servidores públicos. Se é para soltar, soltemos todos.
O terceiro caso, grotesco, aconteceu no Tribunal Federal da 2ª Região. 
O juiz Marcelo Bretas mandou prender o notório contraventor Carlinhos Cachoeira e o notável empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta. 
Prontamente, o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Federal da região, atendeu os advogados de Cachoeira e converteu as prisões preventivas em domiciliares.
Os repórteres Chico Otávio e Juliana Castro lembraram ao público que o desembargador já fora réu num processo que lhe custara o afastamento do tribunal por vários anos.
SUSPEIÇÃO 

Defendido por Técio Lins e Silva (hoje advogando para Cavendish), foi desonerado. 
Em 2014, Athié desbloqueara os bens do empreiteiro acusado de superfaturamentos em obras do governo do Estado do Rio. A amizade de Cavendish com o governador Sérgio Cabral era motivo de orgulho para ambos, e Athié registrou que ser amigo de poderosos não poderia criminalizar um cidadão. 
O desembargador que rapidamente adocicou as preventivas foi novamente ligeiro: declarou-se impedido e entrou em férias. 
Suas decisões foram revertidas, e a dupla foi para Bangu até que o ministro Nefi Cordeiro, do STJ, retomou a linha de Athié e mandou soltá-los. Breve, novos capítulos.
LEWANDOWSKI – Corre no Supremo Tribunal Federal uma articulação meio girafa. 
Em setembro, o ministro Ricardo Lewandowski deixa a presidência da Corte e será substituído pela ministra Cármen Lúcia. Com isso abre-se uma vaga na Segunda Turma, a que cuida da Lava-Jato.
Pelo regimento, a cadeira deverá ser ocupada por Lewandowski. A ideia-girafa é patrocinar uma permuta antes de setembro. 
A ministra Cármen Lúcia trocaria de cadeira com um colega que está em outra turma. Driblado, Lewandowski seria mantido longe da Lava-Jato.
Uma pirueta desse tipo vai bem num diretório estudantil. Qual ministro continuaria no Tribunal depois de ser submetido a semelhante constrangimento?
Lewandowski quer que a Polícia Federal investigue quem criou o boneco inflável “Petrolowski” que desfilou na Avenida Paulista. 
Ele representaria “intolerável atentado à honra” do doutor e, “em consequência, à própria dignidade da Justiça brasileira”
A ver, mas se os seus eminentes colegas inflarem o drible da permuta serão aplaudidos pela turma que fez o boneco.

10 de julho de 2016
Elio Gaspari
O Globo e Folha

AUMENTAM AS AMEAÇAS À LIBERDADE DE EXPRESSÃO E TODO CUIDADO É POUCO



Charge do Bier (sindbancarios.org.br)


















A corrupção endêmica que assola o país, não se restringe somente à Petrobras, que tem sua imagem empresarial massacrada por culpa de seus maus empregados e das empreiteiras contratadas pela Diretoria. Outras estatais também foram usadas para fins políticos, tornando necessário fazer uma devassa nos negócios ilícitos de todas as empresas públicas. Seria medida saneadora e que traria imenso alívio nas contas públicas, caso os recursos desviados pudessem voltar para o Tesouro.
Em meio à podridão que assola o país, surge a pressão para que a prisão dos condenados por corrupção e demais crimes tipificados no Código Penal só ocorra após o trânsito em julgado do último recurso. Além disso, ainda pressionam para acordos espúrios de leniência, que mais se parecem com perdão pela roubalheira praticada.
AMORDAÇAMENTO – Se conseguirem  modificar as leis moralizadoras, os criminosos se tornarão tão fortes que a sociedade pode esperar por mais alguns elefantes no nosso jardim e até entrando nas nossas casas pela janela. Como? Através do amordaçamento do Ministério Público, já tentado e refluído pela pressão nas ruas em 2013 e também pela liberdade de expressão que ainda existe na internet, mas está sob ameaça, pois querem investigar o que o cidadão escreve e critica no Facebook, nos blogs, enfim, em todas as mídias sociais.
VIVA A INTERNET! – Insta salientar que o atual estágio de conhecimento de todas as classes sociais sobre as coisas da política nacional e internacional se deve à internet. Os barões da imprensa, incomodados com a perda de leitores, logo estarão tentados a apoiar as medidas restritivas.
E não há nada de novo. Desde os primórdios da humanidade os poderosos cerceiam a informação aos seus súditos, para poderem simplesmente governar sem oposição alguma. Quando um líder popular saía fora da curva, exigindo direitos e redução de impostos, era logo torturado até a morte ou mofava nas cadeias imundas.
Não precisa ir muito longe do tempo. Basta lembrar Nelson Mandela, o líder negro que passou décadas preso nas masmorras da África do Sul pelos governos de minoria branca que o temiam devido à luta contra a segregação racial.
Que o criador tenha piedade de nós, pois estamos precisando de muita ajuda, principalmente o povo do Estado do Rio de Janeiro, minha linda cidadela destruída por maus governantes.

10 de junho de 2016
Roberto Nascimento

SUPREMO PARECE IGNORAR QUE A OPINIÃO PÚBLICA ANSEIA POR JUSTIÇA E ÉTICA



Charge do Jarbas (jarbascartunista.blogspot.com)

















Insuportável essa sensação de impunidade que paira no país. As instituições funcionam, é fato, mas de modo dicotômico. Mesmo não sendo da área jurídica, entendo claramente que as leis são materializadas por interpretações de acordo com princípios éticos e morais de seus juízes! Esse é o componente subjetivo que move o universo no que pode ser moral ou ilegal, público e privado.
A ditadura da toga não tem mais como ocultar seus verdadeiros interesses. Ao contrário do que imaginam muitos magistrados, o povo não é ignorante. Apesar de estarmos humilhados, sabemos distinguir o que é ético ou antiético.
Precisamos de referências éticas como do ar que respiramos. Se hoje Moro, Bicudo, Paschoal e tantos outros juristas são considerados heróis nacionais, é porque o povo está aprendendo a distinguir a justiça e a injustiça. Estes magistrados não são heróis, são profissionais que cumprem com dignidade seu papel; mas, se são alçados a heróis, é porque representam a esperança de que o país se transforme radicalmente em um espaço verdadeiramente justo e democrático, um lugar melhor para todos, independente de quem seja ou de qual partido se filie.
CORPORATIVISMO – À medida que cresce a revolta em relação às decisões do Supremo, mais corporativistas os ministros vão se tornando. Há um tempo atrás, as diferenças entre as “excelências” eram perceptíveis, hoje, os debates estão menos acalorados, com uma tendência visível ao consenso. Seria um sinal de “questão de sobrevivência”? Infelizmente, essas ações contraditórias dos ministros refletem de maneira extremamente negativa.
Impressiona a falta de sensibilidade dos integrantes do STF.  Fico a imaginar se não carecem de uma assessoria de Relações Públicas para melhor lidarem com a aversão que eles próprios constroem. É claro que não têm noção do tamanho desta aversão, do contrário, não adotariam medidas tão autoritárias!
AUTOCRÍTICA – Seria difícil exercitar a autocrítica? O que têm a perder justifica o sacrifício da dignidade e a arbitrariedade do Judiciário? O fato é que não querem reconhecer que está em risco o patrimônio jurídico do país, do qual deveriam ser os máximos guardiões.
Passam a impressão que estão se afogando na própria soberba e arrogância, por sobrepujarem a opinião pública, agindo com superioridade ao desmerecer o grito da população que não aguenta mais tanta prevaricação do poder público! Não, senhores ministros, não venham responsabilizar quem quer que seja pelas atitudes arbitrárias de vossas excelências.

10 de julho de 2016
Silvia Zanolla

PIADA DO ANO: PROCURADOR JANOT PEDE QUE CUNHA DEVOLVA R$ 298,8 MILHÕES



Charge do Aroeira, reprodução do Portal O Dia




















A Procuradoria-Geral da República já pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja condenado a ressarcir os cofres públicos em R$ 298,8 milhões por seu suposto envolvimento no esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. O valor representa a soma do ressarcimento requerido pela Procuradoria nas três denúncias oferecidas contra o deputado ao Supremo.
Na semana passada, Cunha renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados, mas ele ainda enfrenta um processo de cassação do mandato pela Casa.
Em duas das denúncias, os ministros do STF já o transformaram em réu. Ele responde por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
Na eleição de 2014, o deputado declarou à Justiça Eleitoral patrimônio total de R$ 1,6 milhão. Delatores da Lava Jato, no entanto, apontaram o pagamento de pelo menos R$ 21,5 milhões em propina para o peemedebista.
DANOS MORAIS E MATERIAIS – Na mais recente denúncia contra Cunha, apresentada no dia 10 de junho e mantida sob sigilo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defende que seja cobrada do ex-presidente da Câmara a devolução de R$ 13,7 milhões por danos morais e materiais.
O deputado é acusado de ter implantado um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2015. Ele teria patrocinado a indicação de Fábio Cleto para a vice-presidência do banco, em um acerto com o corretor de valores Lúcio Funaro.
A nomeação teria sido articulada para garantir a cobrança de propina de empresas interessadas em receber investimentos do FI-FGTS.
MAIS RESSARCIMENTO – A PGR pede ainda a condenação de Funaro, com ressarcimento de R$ 10,4 milhões, de seu ex-assessor Alexandre Margotto (outros R$ 10,4 milhões) e do ex-ministro Henrique Eduardo Alves, com R$ 3,2 milhões. Alves era líder do PMDB e foi o responsável por indicar o nome de Cleto ao cargo.
A Procuradoria não fechou quanto teria sido exatamente a vantagem indevida de Cunha nos desvios envolvendo o banco estatal.
Pelo suposto esquema de propina de um contrato da Petrobras na África que teria abastecido contas secretas de Cunha na Suíça, a Procuradoria pediu que seja aplicada multa contra ele de pelo menos R$ 21,1 milhões.
A acusação feita pela PGR ao Supremo é de que ele recebeu R$ 5 milhões em vantagens indevidas, que teriam custeado despesas luxuosas no exterior.
CÁLCULO – A maior reparação solicitada pela PGR foi pela propina que Cunha teria recebido de contratos de navios-sondas da Petrobras e somaria US$ 5 milhões. Janot pediu que Cunha e a ex-deputada federal Solange Almeida, também denunciada, sejam condenados a devolver US$ 80 milhões (R$ 264 milhões).
A Procuradoria afirma que em crimes de corrupção é preciso usar como parâmetro para o ressarcimento o valor mínimo de duas vezes o montante que teria sido embolsado como propina.
Isso ocorre porque os “prejuízos decorrentes da corrupção são difusos, como lesões à ordem econômica, à administração da justiça e à administração pública, inclusive, à respeitabilidade do Parlamento perante a sociedade, sendo dificilmente quantificados”.
ESDRÚXULOS PEDIDOS – Cunha tem afirmado que ele nunca recebeu vantagens indevidas e acusa a PGR de perseguição.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa sobre o pedido de R$ 298,8 milhões de ressarcimento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ele afirmou: “já estamos habituados a ouvir os esdrúxulos pedidos do órgão acusador”.
Os demais acusados nas denúncias também têm negado irregularidades.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – São esses exageros que enfraquecem as acusações. Se a Procuradoria pede R$ 298,8 milhões a Eduardo Cunha, que era apenas participante do esquema de corrupção, quanto deverá cobrar do chefão da quadrilha, o ex-presidente Lula da Silva.O procurador Janot deveria ter pensado nisso antes de fazer o “esdrúxulo pedido”, que pode servir como Piada do Ano.(C.N.)

05 de julho de 2016
Márcio Falcão e Aguirre Talento
Folha

DELÍRIOS DE LULA EM FIM DE CARREIRA: "FUI O MELHOR PRESIDENTE DA HISTÓRIA DO BRASIL!"

Ele ainda não se deu conta da própria derrocada.


Não dá para ter pena, porque falamos aqui de alguém que definitivamente não é uma vítima. Mas, ainda assim, é lamentável ver a situação de Lula se degringolar ainda mais e, ainda assim, ele manter o discurso grandiloquente, como se fosse um herói da nação.

Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, ele disse: “Eu fui o melhor presidente do Brasil, é quase impossível repetir meu sucesso, diz Lula”

Para dizer o mínimo, é espantoso. Quase inacreditável, mesmo.

E foi-se o tempo em que os “milagres” davam suporte às lorotas do “santo”. Hoje, sabe-se que a profunda crise econômica enfrentada pelo país é toda ela o pagamento da conta dessa época. Lula tem muita culpa nesse cartório e, claro, o povo sabe disso. Ninguém mais o trata como o “pai de todos”. Não é só Dilma Rousseff que tem imensa rejeição.

E isso para não citar a Operação Lava Jato e tantas outras que a cada dia fecham mais o cerco em volta do petista.

Já era, Lula.

E, não, você não foi o melhor presidente do país. Considerando a tragédia atual, e o fato de que decorre de seu governo, você foi justamente o pior. Aquele em cuja gestão foram plantadas as raízes de ervas daninhas que levarão anos e anos para que consigamos arrancá-las.

Aceite a realidade. Até porque a mentira não convence mais ninguém.


10 de julho de 2016
implicante

COM RISCO DE PROTESTOS, LULA DESISTE DE RECEBER HOMENAGEM NO INTERIOR DO CEARÁ

A justificativa oficial, porém, é de “outros compromissos”. Então, tá.


Ainda hoje, falamos da decadência de Lula: jantar realizado por Requião em homenagem ao petista juntou apenas seis colegas senadores. Somente o PT possui 10 cadeiras no Senado, o que demonstra o fracasso do evento e, por conseguinte, a deterioração da popularidade do líder outrora quase messiânico.

E mais essa: em 2002, Lula recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Cariri/CE, e o receberia nesta próxima terça-feira (12/07). Mas ele não aparecerá, por conta de “outros compromissos”.

Daí, a coluna Expresso, da Época, afirma que havia planos de manifestações contrárias. E tudo fica mais bem explicado.

Lá se foi também o mito do prestígio inabalável no Nordeste. O povo de fato parece ter acordado. Já era hora.


10 de julho de 2016
implicante

FUNARO, LIGADO A CUNHA, PROMETE ENTREGAR LISTA COM 200 PARLAMENTARES

O economista, que refuta os títulos de “operador” ou “doleiro”, estaria negociando sua delação premiada.



Confirmada a suspeita, vem aí mais uma bomba sobre Brasília. Lucio Bolonha Funaro, ligado a Eduardo Cunha, promete entregar uma delação que implicaria duas centenas de parlamentares. Uma bomba atômica, portanto.

E ele não é propriamente um neófito nas colaborações com a justiça, pois já o fez em 2005, na época do escândalo do Mensalão.

Mas será mesmo verdade ou alguma manobra como aquela outra lista dos 200 nomes que misturava joio e trico para salvar o joio?

Agora, é esperar para ver.


10 de julho de 2016
implicante

TUDO É LINDO

ARTIGOS - CULTURA



Lula, o nome, já causa enjoo. Quando acompanhado da foto e da legenda, então, é como comer feijoada em mar revolto. Isso porque Lula tornou-se sinônimo de sujeira, de nojeira, de podridão e tudo o que atenta contra o sagrado, o moral e o estético. 

Lula é um dos principais agentes da falência civilizacional em que vivemos, mas, não é o único, evidentemente, pois, de lulas, cheio está o mundo brazuca com o qual nos estripuliamos por aí. 

Outros lulas, no entanto, que, isoladamente, pouco fedem ou pouco cheiram, lulinhas e lulões, quando unidos, tudo deformam e fazem adoecer, cultural e politicamente, como vermes que circulam em torno da besta-fera, ou peixinhos que se alimentam dos parasitas do peixão, que fazem o leva-e-traz da formiguinha revolucionária.

Se Lula é o responsável direto - o arquiteto - das grandes degradações que nos assolam, como Foro de São Paulo, por exemplo, as formigas-vermes-peixes fazem o dia-a-dia da imbecilização nacional. 
São os operariozinhos da esquizofrenia e da psicopatia; a concretude do conjunto doutrinal gramscista da destruição da vida em sociedade. Destruição financiada com erário público, diga-se.

Unidos, são incontáveis e, conceitualmente, difíceis de nomear, mas, na perspectiva das tribos, nomeiam-se artistas, apresentadores de TV, animadores de auditório, analistas econômicos, desenhistas, cartunistas, socialites, banqueiros, e, sobretudo, Regina Casé e seus concursandos. 
Sim, meu caro, até a Glória Maria, ex-apresentadora do Fantástico, que pecava por ser apenas Glória Maria, faz, ao que tudo indica, concurso para ser Casé, posto que de um monstro sai outro e outro e outro e seu nome é "semelhança".

Lula, Nova República, a besta-fera, Regina Casé, Glória Maria, tudo isso é a mesma coisa, imagem e semelhança da confusão, do engano, da sujeira, da preguiça, do torpor, do maconheirismo, da idiotia, da idolatria. 

A "semelhança" representa-se por todos eles, desde a latrinal Casé ao multimilionário Edir Macedo. 
Por todos eles escorre a "semelhança", padronizando a todos na forminha da burrice. 
Por eles todos deixam-se representar - desde funkeiros, bandidos do morro, e malandros de toda espécie e galardão - até gente chique e graúda como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Fernanda Montenegro, Arruinaldo Azevedo, para, finalmente, chegar ao último grau do enjoo, ao fétido STF e seus ditadores de toga.

Escrevi, dia desses, que no Brasil existem dois tipos de bandidos, apenas: os bandidos protegidos pelas togas e os bandidos protegidos dentro das togas, e tudo ficou por isso mesmo. 
Comentei com o motorista. E acrescentei, com algum ar de academicismo que estamos todos sob a égide simbólica de Regina Casé e sua ainda mais simbólica "favela endoidecida".

"Mas em quê se assemelham Regina Casé e os Juízes do Supremo, exatamente", pergunta-me o atento motorista. "Assemelham-se no 'tudo é lindo'," respondi. 
Então, ele logo saca a pilhéria e acrescenta: "li agora que a tal recriação do Ministério da Cultura foi uma jogada de mestre. Temer recria um ministério sem petralhas e já não mais para petralhas. A coisa ainda não está bem explicada, mas se for assim, parece justo. 
Afinal, cagar na praça não é cultura e esse negócio de que 'tudo é lindo' é o caralho! Tudo é feio, porra!".

Respondo que sim, claro, tudo é feio por aqui, mas meu pensamento viaja em outra direção: vira-se mestre por tão pouco agora: basta não financiar cagadas na praça, e pronto: é mestre! 
De quebra, observo que o "tudo é lindo" é o que querem que digamos, os politicamente corretos. Pergunto se ele já ouviu falar do conceito. Então ele, o motorista, me surpreende como neve no verão:

"Quando tudo é lindo, feio é ser do contra. De certo mesmo, é o fato de que são os idiotas que alimentam esta 'semelhança' que o senhor falou aí: os maconheirinhos financiados desde sempre pelo papai ausente e pela mamãe invisível, que desistiram deles já na infância". 
Faz-se pausa. Silêncio enjoado.

- ALGUÉM OS CRIOU! ele berra. Voltamos aos discursos.

"Foi a Regina Casé, porra! Agora eu entendo, porra!".

Reforço-lhe a tese: "Foi a Fátima Bernardes, também!"

- Isso, ele diz, aquela babaca também, claro!

Vou ainda mais longe: "Não podemos esquecer da Glória Maria, a neo-maconheirinha do momento, certo?"

- Sim, ele responde, todos eles.

Tento explicar-lhe que quem os criou foi a "semelhança", pois o diabo criou a engenharia social à sua imagem e semelhança e ele pergunta:

- Já estamos em que geração diabólica mesmo?

* * *

Chegamos ao destino. O motorista meneia com a cabeça e logo filosofa, enquanto verifica contra a luz a nota que lhe dei: "a merda é que o povo só se interessa pela economia. Fodam-se os maconheiros. Quem se preocupa em reeducar esses bostas?... Nem trabalhar eles podem!"

Fico na minha, esperando o troco, mas ele prossegue: Que diferença faz se fumam uns baseadinhos. Se a economia vai bem, ninguém fica na mão.

- É verdade, respondo enquanto desembarco e então percebo quão prolixo era o meu táxista, que já desaparecia na primeira esquina, à direita.

O motorista, certamente, pensava, "mais cinco ou seis loucos como aquele e eu me aposento".

Sim, não deu-me o troco, o filho da mãe.



10 de julho de 2016
Alexandre Bellei, professor, é mestre em filosofia e colaborador da Rádio Vox.